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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MONOGRAFIA - ABSTRACT


The work identifies some possible requires to development of the nautical activity of leisure in The State of Bahia, particularly in Bay of all Saints, on purpose to identify mechanism of income generation, job and increase of the tributary collection. It delineates the evolution and characteristic of nautical leisure as well as the competitive and comparative advantages of Bahia in relation to another competitor regions in Brazil. The presented research doesn’t speak about the preservation of nautical culture and naval art which developed along the history of Bahia and the absence of governamental planning, as factor of that damaged the increase of this sector. The absence of implement customs inspector in direction to concession of incentives to implantation of shipyards (dockyards) and industries of nautical equipments is another factor in inhibitory of that activity in the state. The complementar participation of the government of the state of Bahia in relation to Brazilian Navy in the safeguard activities in the sea-life understand oneself as a support for the navigations of the seashore of Bahia. The authors conclude according to the arguments delimited in that monograph by the existence of one accentuate out of proportion among the nautical structures. Nowadays, existing in Bay of all Saints and the exploitable potencial. This scenery can be reverted with the adoption of public politics, inducing to a growth of this sector with favorable implication in the indicators of economic and human development of the state.            

Keyword: Saveiros – Nautic – Bay of all Saints – leisure – Bahia



MARGARIDA E JOSEMAR

MONOGRAFIA - RESUMO


                                                      


O trabalho analisa alguns requisitos para o desenvolvimento da atividade náutica de lazer no Estado da Bahia, particularmente na Baía de Todos os Santos, com o objetivo de identificar mecanismos de geração de renda, emprego e ampliação da arrecadação tributária. Delineia a evolução e características do lazer náutico, bem como as vantagens competitivas e comparativas da Bahia em relação a outras regiões concorrentes no Brasil. A pesquisa apresentada denuncia a não preservação da cultura náutica e arte naval que se formou ao longo da história da Bahia e a falta de planejamento governamental como fatores que prejudicam a expansão desse setor. A ausência de instrumentos fiscais direcionados à concessão de incentivos para implantação de estaleiros e indústrias de equipamentos náuticos é outro fator inibidor desta atividade no Estado. A participação complementar do Governo da Bahia em relação à Marinha de Guerra do Brasil nas atividades de salvaguarda da vida no mar traduz-se como um suporte aos navegantes do Litoral Baiano. Os autores concluem, com base nos argumentos delineados nessa monografia, que existe uma acentuada desproporcionalidade entre as estruturas náuticas atualmente existentes na Baía de Todos os Santos e o potencial exploratório. Cenário este que pode ser revertido com a adoção de políticas públicas responsáveis, induzindo a um crescimento deste setor com implicações favoráveis nos índices de desenvolvimento econômico e humano do Estado.

Palavras-chave: Saveiros – Náutica – Baía de todos os Santos – Lazer – Bahia


JOSEMAR E MARGARIDA

quinta-feira, 28 de julho de 2011

MONOGRAFIA - POSSIBILIDADES NÁUTICAS ENSEADA DOS TAINHEIROS

NESTE TÓPICO DA MONOGRAFIA É RELATADO AS VANTAGENS COMPARATIVAS NATURAIS, HISTÓRICAS E ESTRUTURAIS  DA ENSEADA DOS TAINHEIROS, PARA ATIVIDADE NÁUTICA.


JOSEMAR



7.2 A ENSEADA DOS TAINHEIROS



Um caso particular no contexto da agressão ambiental é a Enseada dos Tainheiros, que teve seu espelho d’água reduzido por aterros e palafitas onde os moradores lançam lixos e dejetos de toda espécie no mar. O mangue original situado nessa pequena baía, berçário de inúmeras  espécies marinhas, praticamente desapareceu diante das agressões sofridas no decorrer do tempo.

Há de ressaltar que os governos do Estado e do Município de Salvador participaram de forma direta  nesse processo de agressão ambiental a um dos locais mais pitoresco da Capital  do Estado; ora de forma ativa, aterrando irresponsavelmente seu espelho d’água com o intuito de construir casas populares em substituição às palafitas; e ora sendo passivo e omisso, sem realizar a devida fiscalização diante de intervenções irregulares praticadas por particulares.

  A Enseada dos Tainheiros apresenta inúmeras possibilidades para se transformar num grande centro de apoio à náutica de lazer na Capital Baiana,especialidade esta que vem desempenhando, de forma natural e sem planejamento, ao longo dos anos ou porque não ao longo dos séculos. Nessa pequena baía, como já foi dito, a CNB desenvolvia todos os trabalhos de manutenção de sua frota de embarcações. Em suas margens diversos estaleiros artesanais construíram saveiros ou outras embarcações de madeira.

Em seu estado atual a vocação náutica da Enseada dos Tainheiros se firma pela quantidade de marinas localizadas em seu interior, em número de 6; um moderno estaleiro, o Corema, especializado em construção de embarcações auxiliares e de pequeno porte, a exemplo de rebocadores, pesqueiros de alto-mar, chatas; e alguns estaleiros no Lobato onde se constrói e reparam embarcações de madeira.

Os governos do Estado da Bahia e do Município de Salvador devem em conjunto traçar atitudes eficazes no sentido de requalificar a Enseada dos Tainheiros, tais quais - despoluir suas águas; reconstituir o manguezal original, devolvendo dentro do possível, ao mar aterros irregulares; dragar seu canal, favorecendo o acesso a embarcações de recreio de maior porte; e criar estruturas públicas, a exemplo de marinas e píers, favorecendo a guarda de embarcações daqueles que não podem pagar uma marina particular, o que é um meio de socializar a náutica no Estado da Bahia.

 A prioridade das margens da Enseada dos Tainheiros deve ser voltada à náutica e a manutenção de embarcações de madeira, como limpeza de casco e troca de tabuados que são secularmente realizados na praia durante as preamares. As praias dessa enseada são de fundo de lama, o que as torna pouco atrativas ao banho.

Com as intervenções propostas nesse capítulo, a Enseada dos Tainheiros favorecerá de forma efetiva o desenvolvimento da náutica de lazer em Salvador e o retorno da faina marinha, além da possibilidade dessas novas estruturas se transformarem em mais um atrativo turístico para a Capital do Estado, criando postos de trabalho, renda e impostos para o erário, diminuindo também a degradação social presente nos bairros que circundam essa enseada.

JOSEMAR E MARGARIDA

MONOGRAFIA -GRUPAMENTO NAVAL PM -BA

6. PROPOSTA PARA AÇÃO DO GOVERNO DA BAHIA NA SALVAGUARDA DA VIDA NO MAR.


ESTE CAPÍTULO DA MONOGRAFIA RETRATA A NECESSIDADE DE SE AMPLIAR OS MEIOS DE APOIO  A SALVAGUARDA DA VIDA NO MAR, ACOMPANHANDO O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE NÁUTICA DE LAZER  NO ESTADO DA BAHIA.
OS AUTORES DO TRABALHO ACADÊMICO – MONOGRAFIA -  ENTENDEM QUE A POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DEVE CRIAR SEU GRUPAMENTO NAVAL, PARA OPERAR SUPLETIVAMENTE EM RELAÇÃO AOS MEIOS HUMANOS E FLUTUANTES DO 2º DISTRITO NAVAL DA MARINHA DO BRASIL.
DESTACAMOS O OPERATIVO TRABALHO DO GRUPAMENTO AÉREO DA PM – BA, O QUE CERTAMENTE SERÁ SEGUIDO PELO GRUPAMENTO NAVAL.

VAMOS AO TEXTO!
JOSEMAR



Criar caminhos alternativos para desenvolver uma atividade econômica significa pensá-la como um todo. Um maior número de embarcações de recreio navegando nas águas da BTS e no restante do Litoral Baiano implica necessidades de sistemas eficientes de salvamento marítimo, salvaguardando a vida de tripulantes e comandantes dessas embarcações.

Atualmente essa tarefa na área da Bahia e Sergipe esta afeita em sua totalidade aos meios flutuantes da MB, jurisdição do Segundo Distrito Naval e em suas Capitanias dos Portos. Na estrutura organizacional da Polícia Militar (PM) da Bahia, tem diversos Grupamentos Marítimos que desempenham prioritariamente tarefas definidas com salvamento em áreas de praias e lagoas.

O que se propõe é a criação de um grupamento naval mais denso no âmbito da PM da Bahia que, de forma supletiva e harmônica opere junto a MB, efetuando faina de auxílio aos navegantes e patrulhamento em águas Baianas. O argumento fundamenta-se no fato de que os meios flutuantes da MB, disponíveis no Segundo Distrito Naval, não são suficientes e adequados para atender eficazmente as solicitações de ocorrências marítimas a todas as condições de tempo e relevo costeiro do Litoral da Bahia.

A Capitania dos Portos da Bahia atua em suas funções regimentais utilizando-se de embarcações que não foram construídas especificamente para fainas de fiscalização e atendimento a pedido de socorro dos navegantes. Todas são modelos de passeio e com vida operacional de mais de 20 anos. Se o pedido de socorro ocorrer em condições adversas de tempo, com mar grosso  e fora das águas protegidas da BTS, essas embarcações não poderão sair de seu ancoradouro, pois colocaria em risco a vida de seus tripulantes.

Pode-se alegar que na situação descrita anteriormente entrariam em ação belonaves (Navios de guerra) localizadas na BNA (Base Naval de Aratu), subordinadas ao Segundo Distrito Naval, com maior deslocamento, autonomia e capacidade estrutural para navegar em mar aberto. Ocorrerão dificuldades se a operação de emergência for perto da Costa ou em linha de arrebentação pelo porte de sua estrutura, levando ao risco de encalhe.

A MB realiza suas operações com profissionalismo e dever pátrio, mas é sabido que as dificuldades orçamentárias não permitem que essa corporação adquira os meios flutuantes adequados a real necessidade de suas demandas. Nesse universo entraria o Estado da Bahia, formando o seu Grupamento Naval (GN), agindo supletivamente a MB nas operações de salvaguardas da vida do mar, patrulhamento marítimo, combate à pesca predatória e ao risco potencial de contaminação do ambiente marinho, proporcionando uma maior segurança aos navegantes em águas do Litoral Baiano.

Esse grupamento naval teria sua sede em Salvador. A Ribeira seria um dos locais ideais pela proximidade dos principais centros hospitalares, o que facilitaria o deslocamento daqueles que precisem de atendimento médico. A base de operações do GN pode ser alocada na área de uma antiga fábrica de óleo vegetal desativada atualmente, localizada na Enseada dos Tainheiros. Com um píer de atracação, heliporto, unidade de tratamento intensivo, alojamentos, área administrativa, câmara hiperbárica5, posto de abastecimento de combustíveis e oficinas, formariam um arcabouço operacional da base principal.


 Na Baía de Aratu se concentrariam os estaleiros e demais estruturas de apoio à manutenção dos meios flutuantes. As embarcações inicialmente seriam posicionadas em bases secundárias no entorno da BTS, eqüidistantes umas das outras, posteriormente em outros pontos do Litoral, como a região do Baixo Sul, Baía de Camamu, Ilhéus, Porto Seguro, dentre outros.

A frota do GN comporia basicamente de embarcações ligeiras em torno de 12 metros, para atuar nos perímetros da BTS, com estrutura para navegar em velocidade máxima, na penumbra e nas condições de tempo mais adversas registradas em série históricas no interior da BTS.  A tripulação, além do pessoal encarregado da operação da embarcação, seria composta de um mergulhador, paramédicos e equipamentos necessários à manutenção dos sinais vitais das possíveis vítimas.

Outra classe atenderia as solicitações de socorro em mar aberto, em um comprimento de 25 a 30 metros, com os recursos da classe anterior, acrescida de capacidade leve de reboque e combate a incêndio. Esses barcos, inicialmente, seriam em números de três. Um estaria de prontidão para atender pedidos de socorro da BTS até Itacaré e Litoral Norte. A segunda unidade teria Ilhéus como base e jurisdição até Mucuri, e a terceira seria reserva como forma de apoio às demais, quando a situação assim exigir. Além disso, uma embarcação para resgate subaquático, equipada com câmara hiperbárica, teria que fazer parte da futura frota.

As operações do grupamento naval, sempre que possível, seriam realizadas em conjunto com os helicópteros do grupamento aéreo da própria PM. Através de um convênio com a MB, seria proporcionado o treinamento inicial do oficialato e corpo subalterno. Próspero seriam os benefícios que a sociedade baiana teria com a criação desse grupo naval no âmbito da Polícia Militar da Bahia ao oferecer segurança efetiva a todos àqueles que naveguem por lazer ou por necessidade econômica.

A virtude primária da criação desse grupamento naval será a salvaguarda a vida no mar e o patrulhamento marítimo. Entretanto, economias externas serão geradas, pois as embarcações que irão compor a futura frota deverão ser obrigatoriamente construídas em estaleiros localizados em território baiano, o que impulsionará o segmento naval no Estado, além da criação de novos postos de trabalhos em terra ou a bordo.




5 A câmara hiperbárica é o equipamento destinado as pessoas que se submeterão a sessões de oxigenoterapiahiperbárica(OHB) a fim de respirar oxigênio 100% puro a pressões superiores a pressão ao nível do mar.


JOSEMAR E MARGARIDA


segunda-feira, 25 de julho de 2011

MONOGRAFIA - DIFERENCIAL HISTÓRICO E CULTURAL - MONOGRAPH - HISTORICAL AND CULTURAL DIFFERENCE

ESSE TRECHO DO TRABALHO RESSALTA A VITALIDADE DA CULTURA NÁUTICA DA BAHIA, E  AUSÊNCIA DE INTERESSE EM PRESERVÁ-LA.


"3.3 DIFERENCIAL HISTÓRICO E CULTURAL

A história da civilização baiana em seus aspectos econômico, cultural e geopolítico, manteve-se constantemente ligada ao mar e à arte naval. O desembarque e a fixação dos colonizadores portugueses, realizado inicialmente em águas de Porto Seguro, posteriormente solidificou-se mais ao Norte com o descobrimento da Baía de Todos os Santos

As excepcionais qualidades marinheiras desse acidente geográfico que iam desde o seu vasto espelho d’água, profundidades adequadas à navegação, regimes de ventos ideais para propulsão a vela e madeira de qualidade apropriada à construção naval, fizeram dessa região até a primeira metade do século XIX, um dos maiores centro de atividade náutica do planeta e o mais importante do Hemisfério Sul. Vale ressaltar que um dos fatores que muito contribui para o desenvolvimento da construção naval na Bahia foi a experiência dos portugueses como grandes construtores de embarcações.

Em praticamente todos os povoados ou cidades localizadas no litoral da Bahia havia um pequeno atracadouro e um ou mais estaleiros que construíam embarcações destinadas a atender o transporte de passageiro e carga entre essas localidades com o porto de Salvador. No século XVII, a Bahia era referência entre os capitães de navios que arribavam o Porto de Salvador em direção ao Oriente, em virtude dos regimes de ventos no Atlântico Sul e as facilidades oferecidas para abastecimentos e reparos das embarcações. O arsenal de marinha localizado em Salvador e denominado Ribeira das Naus lançou ao mar muitos dos maiores navios de guerra e mercantes até meados do século XIX.

Com a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro na segunda metade do século VIII, inicia-se um processo de esvaziamento da florescente indústria naval na Bahia, pelo menos no que diz respeito a grandes embarcações, pois ainda continuamos a construir saveiros e suas variações.

Essa realidade se perpetuou até o início de construções de estradas em profusão nos meados da década de sessenta do século passado, aliada a construção da Ponte do Funil, ligando a Ilha de Itaparica ao continente. Esse processo viabilizou a implantação do sistema ferry boat, responsável pela aceleração do fim de uma densa cultura náutica que se formou em torno do saveiro, uma embarcação típica, que em suas diversas versões, tanto para navegação em águas abrigadas como em mar aberto, desempenhou um importante vetor para a história econômica da Bahia, durante quase cinco séculos (ZACARIAS, 2001).

Seria impossível pensar a civilização do Recôncavo da Bahia e da sua metrópole – a cidade do Salvador – sem refazer o intenso tráfego que recortou seus rios e o destino comum de todos eles – o mar da Bahia e a larga Baía de Todos os Santos. Nessa civilização que, pode-se dizer, floresceu nas águas, teve seu lugar de glória e decadência o personagem principal desse livro: o saveiro. (GRAMINHO, ALMA DOS SAVEIROS, 1996, p. 05).

Nos dias atuais alguns bolsões de construção artesanal de embarcações ainda resistem em pontos do Litoral Baiano, a exemplo de Caixa Prego na Ilha de Itaparica; Região de Valença; Enseada dos Tainheiros no interior da BTS; Baía de Camamu, a terceira em área no Brasil. Antes, estes lugares produziam saveiros para transporte de passageiros e cargas e, hoje, embarcações voltadas ao lazer. Na Bahia, o saveiro armado em vela de içar, o mais significativo da espécie, caminha para extinção. Em setembro de 2000 restavam apenas 26 desses barcos, diante das centenas deles que existiram no passado (ZACARIAS, 2001).

                               Embarcação artesanal do Litoral Baiano
                                   http://saveirodabahia.blogspot.com/              
                                                      
       
Outro cenário onde se verifica perda de valores culturais que formam a identidade de um povo observa-se no processo de extinção da antiga Companhia de Navegação Bahiana - CNB. A Bahiana, como era chamada pelos soteropolitanos e moradores do Recôncavo, desde a segunda metade do século XIX atuava no transporte de passageiros e cargas (figura 5), entre a capital e as localidades do Recôncavo Baiano. Posteriormente, as linhas se expandiram para as cidades do litoral, a exemplo de: Itacaré; Ilhéus; Canavieiras; Porto Seguro, Caravelas, (tabela 1). Num salto maior, a CNB, através de dois navios cargueiros, operou em longo curso, possivelmente entre a segunda metade da década de 50 e primeira metade da década de 60 do século XX, ligando a Capital Baiana a Buenos Aires e outros portos argentinos mais ao sul, levando cacau e outros produtos locais e trazendo, principalmente, trigo (COELHO NETO, 1999, p. 91).


                         

FIGURA 6 - Navio 2 de Julho, logo após chegar da Alemanha, 1938, para
ser incorporado a frota de CNB
  Fonte: Navegação Bahiana, 1939


 
 TABELA 1 – Linhas regulares da Bahiana – Início do Século XX


Linhas regulares da Bahiana – Início do Século XX
Sul da Bahia -Recôncavo
Linha
Km
Linha
Km
Linha
Km
Bahia / Camamú
096
Belmonte/Santa.Cruz
052
Bahia/Cachoeira
089
Bahia / Marahú
130
Santa.Cruz/P. Seguro
022
Bahia/Nazaré
100
Marahú/ R. de Contas
065
P. Seguro/Prado
108
Bahia/S. Amaro
067
R. de Contas/Ilhéus
060
Prado/Alcobaça
026
Bahia/Valença
100
Ilhéus/Una
048
Alcobaça/Caravelas
033
Bahia/Itaparica
022
Una/Canavieiras
054
Caravelas/Viçosa
044
Bahia/M. de Deus
033
Canavieiras/Belmonte
022
Viçosa/Mucuri
035



Fonte: Coelho Neto 1999, p. 91


A Bahiana foi uma das primeiras empresas de navegação organizada no Brasil (Anexo.C), também praticamente pioneira na utilização do vapor como propulsão em navios. No Recôncavo Baiano, os vapores da CNB foram, durante décadas, o meio de transporte mais confiável entre as comunidades litorâneas do Estado. Em diversos pequenos portos espalhados na BTS, gerações de baianos se reuniam à tarde para esperar a chegada dos navios da Bahiana que traziam notícias da Capital da Bahia.

                           

 Figura 5 – Vapor Paraguassú da frota da CNB
Fonte: RELATÓRIO 1939 NAVEGAÇÃO BAHIANA

          
A Companhia Bonfim apareceu em 1847, estabelecendo uma linha entre Salvador e a cidade de Valença. Outra empresa de navegação, a Santa Cruz, surgiu em 1852 para explorar a navegação costeira. Detinha o privilégio do serviço para a faixa compreendida entre Maceió e Caravelas pelo prazo de 20 anos. Segundo Mesquita (1909), em 1853 a fusão das duas companhias resultou na criação da Companhia Bahiana de Navegação. A partir de 1891, a “Bahiana” passou a pertencer ao Lloyd Brasileiro e tentou adotar um modelo de gestão semelhante ao das suas congêneres estrangeiras da navegação de longo curso. (COELHO NETO, 1999, p. 102). [...]A primeira experiência da navegação a vapor no Brasil aconteceu na Bahia ainda no início do século XIX. A embarcação foi construída no estaleiro da Preguiça e equipada com maquinaria importada da Inglaterra. Em 4 de outubro de 1819, deu-se a viagem inaugural em direção a cidade de Cachoeira, através do Rio Paraguaçu. Um ano antes, Dom João VI havia decretado a incorporação de uma companhia de navegação à vapor em portos e rios da Capitania. Deste evento, resultou uma linha regular que ligou as duas cidades até o período das guerras da Independência. (MESQUITA, 1909, apud COELHO NETO, 1999, p.101,102).

Mais um relato histórico, sobre o pioneirismo da navegação a vapor nas águas da BTS é encontrado em trecho do diário do arquiduque Fernando Maximiliano da Áustria, quando em viagem ao Brasil e escalando na cidade de Salvador, em 11 de janeiro de 1860, descreve a viagem que fez a Ilha de Itaparica num pequeno vapor.

                              
     Figura 7 – Vapor Itapagipe após reconstrução
                    Fonte: Navegação Bahiana, 1939:



Já estávamos, há muito tempo, no convés, em roupas as mais esquisitas, com espingardas, facões, embornais, latas para plantas, redes para borboletas, caixas para besouros e provisões para fortalecer o estômago e molhar a garganta, numa expectativa apreensiva, contando os minutos, quando, finalmente, o pequeno vapor “Cachoeiras”, abrindo penosamente caminho em meio à floresta de mastros do Paraguaçu, rodeou o “Elizabeth[1]”. Subimos nos barcos, abarrotando, praticamente, o vapor, que tinha chegado bastante atrasado (no Brasil, onde tanta coisa nasce por acaso, não se tem noção de pontualidade). Logo o convés ficou totalmente repleto de homens e provisões (HASSBURGO, 1982, p.152). [...] Rapidamente singramos a extensa baía. Sentíamo-nos como conquistadores. Era como se acumulássemos vitória sobre vitória, à medida que conquistávamos novas maravilhas. Quanto mais se diluía, na névoa azul, a costa da Bahia[2], com a cidade beijada pelo sol, e com o Bonfim verdejante, tanto mais se divisava a vista total da ilha de Itaparica, ricamente coberta de matas (HASSBURGO, 1982, p.152). [...]Nosso vapor parou na cidade de Itaparica, e nosso grupo comprimiu-se em pequenos barcos, extremamente precários, a fim de alcançar, rapidamente a margem. Cidade – cidadezinha – nem sequer isso; aldeia é o termo exato que designa tal lugar (HASSBURGO, 1982, p.154).

Os dados históricos referentes à CNB são escassos ou praticamente quase não existe nada catalogado a respeito. Durante o processo de extinção de órgãos públicos no Brasil, geralmente, não se tem o cuidado de preservar documentos que registrassem acontecimentos históricos e culturais, deixando assim um vácuo de identidade para as gerações presentes e as futuras. Outro exemplo ilustrativo, foi o Lloyd Brasileiro, a maior Companhia de Navegação do Brasil até meados da década de oitenta do século XX, não tão antiga e pioneira como a CNB, foi extinta, ficando poucas informações documentais sobre suas operações.

No Bairro da Ribeira estava instalada uma completa estrutura para manutenção dos navios da CNB, constando de dique seco, carreira naval e oficinas para manutenção. Também possuía rebocadores próprios, sendo uma das maiores empregadoras da Bahia tanto para pessoal embarcado como para pessoal administrativo. Como foi dito anteriormente, em cada cidade do litoral da Bahia tinha uma agência da Companhia de Navegação Baiana.  


O resumido relato dos aspectos da cultura náutica na Bahia reforça a idéia de que este importante diferencial ,que poderia ser usado para alavancar essa atividade como fonte de emprego e renda, é pouco aproveitado por nós. O resgate dos antigos saveiros e a CNB valoriza-se mais a identidade cultural náutica na Bahia e a luta de seus antepassados para manter vivas as tradições desse povo em um interessante Museu Náutico."


[1] O vapor Elizabeth foi o navio que Maximiliano estava realizando sua viagem.
[2] Maximiliano se refere a Salvador como a cidade da Bahia, pois era assim que ela era chamada nesta época.
  

JOSEMAR E MARGARIDA

MONOGRAFIA - INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO



Poucas regiões no planeta Terra apresentam um conjunto de vantagens em relação ao lazer e esportes náuticos como o litoral baiano, o mais extenso do Brasil. Quando se leva em consideração apenas a Baía de Todos os Santos – BTS essas vantagens se tornam mais evidentes. Essa baía é a maior do Brasil e a segunda do planeta, a ponto de ser denominada em tempos remotos de Golfo da Bahia. As 56 ilhas que compõem seu espelho d’água, algumas praticamente em estado natural e diversos rios navegáveis permitem a interiorização das embarcações em direção ao continente (DESTINO, 2008).

 A Baía também possui um clima tropical, com regime de ventos favoráveis à prática da navegação à vela e profundidades adequadas ao tráfego náutico, não só de embarcações de lazer e navios de cruzeiros, mas também às embarcações mercantes de grande porte, como se comprovam nos inúmeros terminais marítimos existentes em seu interior.

A secular cultura náutica baiana estribada nas embarcações típicas denominadas de saveiros, e suas variantes, que operacionalizavam os transportes de passageiros e cargas com a capital, o recôncavo e o restante do litoral, foi relegada ao ostracismo, quando poderia se transformar em meios que incentivassem novas gerações de baianos a cultivar o mar, não pelas mesmas razões econômicas dos antigos saveiristas, mas pela preservação da identidade cultural de um povo.

A extinção da antiga Companhia de Navegação Baiana – CNB, empresa secular, que possivelmente é a marca mais conhecida dos baianos até a primeira metade do século XX, ligava por via marítima a cidade de Salvador às principais cidades do Recôncavo e ao restante do litoral baiano, foi outro fator negativo em relação à história naval da Bahia, pois durante o seu processo de liquidação não foram tomados os cuidados necessários no sentido de preservar o acervo documental.

Nações da Europa, Estados Unidos, Austrália, dentre outras, usam de todos os recursos possíveis para preservar as suas culturas náuticas, pois acreditam que a identidade de um povo começa no mar. Nesses países qualquer embarcação com algum valor histórico é conservada em estado operacional, com recursos financeiros não só provenientes dos seus governos, mas principalmente da sociedade civil.

Em relação às estruturas náuticas, verifica-se que a Bahia pouco tinha a oferecer àqueles que desejavam adquirir uma embarcação e guardá-la com segurança. O mesmo acontecia com os visitantes e suas embarcações, em busca dos atrativos no litoral da Bahia.

O cenário só começou a mudar com a construção da Bahia Marina na década de 90 do século XX, a maior do Nordeste e a mais moderna do Brasil, situada nas adjacências da Avenida Contorno, em pleno Centro Histórico de Salvador. A partir desse momento houve uma requalificação das estruturas náutica de lazer na capital baiana.

Outro fato importante neste período foi à criação do Centro Náutico da Bahia – CENAB, cuja sede ficava na antiga edificação onde funcionava a Companhia de Navegação Baiana – CNB. Este centro apesar de não ter atingido todas as metas propostas, através de uma pequena marina, viabilizou a atração de inúmeras regatas internacionais em direção à capital baiana.

A identificação de vazios, possíveis de serem preenchidos de forma sustentada no mercado náutico de lazer da Bahia, elevará as perspectivas de geração de renda, postos de trabalhos e arrecadação de tributos em toda cadeia de serviços desse segmento econômico, o que proporcionará melhorias nos índices de desenvolvimento humano do Estado. O Caribe, Bahamas e Mar Mediterrâneo são exemplos concretos de exploração racional da náutica de lazer, rendendo somas significativas pelo uso de marinas, construção de embarcações e gastos efetuados por passageiros de cruzeiros marítimos em visita a portos dessas regiões.

Essas vantagens competitivas da Baía de Todos os Santos em relação ao lazer náutico quando comparada a outras regiões do Brasil e do restante do planeta e a perspectiva de transformar o desenvolvimento dessa atividade em geração de renda, empregos e tributos, qualificando os índices de desenvolvimento da Bahia, foi o que levou a elaboração desse trabalho.

Esta monografia foi estruturada em segmentos: introdução, oito capítulos e conclusão, com o objetivo de demonstrar, em uma seqüência lógica, as potencialidades da BTS e atitudes possíveis a serem tomadas no sentido de desenvolver atividade náutica de lazer. A metodologia utilizada estruturou-se em pesquisa de campo, vivência empírica na área, consultas a outros trabalhos científicos e a órgãos governamentais. Ressalta-se a dificuldade de encontrar dados estatísticos confiáveis e atualizados.

O capítulo um demonstra o que é o lazer náutico, sua evolução e estruturas, possibilitando uma visão concisa do assunto discernido. No capítulo dois são observadas as vantagens climáticas, geográficas e culturais da Bahia em relação a outros litorais do Brasil, mas não totalmente potencializadas. A evolução das estruturas náuticas da Baía de Todos os Santos ao longo do tempo é retratada na terceira parte do trabalho.

Em seguida, relata-se a ausência de políticas públicas direcionadas ao crescimento sustentado da atividade náutica de lazer no Estado da Bahia. A necessidade de contar com estruturas eficientes de salvatagem[1], com a participação direta do governo baiano, visando proporcionar uma maior segurança aos navegadores é o assunto seguinte. No capítulo seis estão definidos os roteiros para o crescimento auto-sustentado da náutica de lazer na Baía de Todos os Santos.

Em seguida, se observa a necessidade de elaborar um mecanismo de política fiscal com o intuito de atrair estaleiros e indústrias de equipamentos náuticos para o território baiano. Por fim, é revelado o caso do Estaleiro Fantástico como exemplo de iniciativa surgida em comunidade carente e que tem avançado em termos estruturais, mesmo sem contar com ajuda oficial.



[1] Salvatagem é o nome dado ao conjunto de equipamentos e medidas de resgate e manutenção da vida em um pós-desastre marítimo.




JOSEMAR  E  MARGARIDA SZABÓ