sexta-feira, 26 de abril de 2024

ARTIGO PUBLICADO NO ESTADÃO SOBRE O AVANÇO DO MAR E AÇÕES DOS EUA E HOLANDA PARA CONTER - ARTICLE PUBLISHED IN THE NEWSPAPER ESTADÃO ABOUT THE ADVANCE OF THE SEA AND ACTIONS BY THE USA AND THE NETHERLANDS TO CONTAIN

TRANSCREVEMOS ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO, https://www.estadao.com.br/sustentabilidade/por-que-obras-de-holanda-e-eua-contra-o-avanco-do-mar-nao-funcionam-como-antes-e-o-que-fazer-agora/ , SOBRE OBRAS DOS EUA E HOLANDA PARA CONTER AVANÇO DO MAR EM SEUS TERRITÓRIOS, QUE NÃO FUNCIONAM COMO ANTES.

MAR AVANÇA E CAUSA DESTRUIÇÃO NO LITORAL NORTE DE ILHÉUS

O TEMA É RELEVANTE, INCLUSIVE ESTE BLOG COMENTOU https://viajantesemporto.blogspot.com/2017/10/mar-avanca-em-pontos-do-litoral-baiano.html SOBRE ÁREAS DA BAHIA ONDE O CRESCENTE AVANÇO DO MAR TEM CAUSADOS PREJUÍZOS MATERIAIS CRESCENTES, CITAMOS O LITORAL NORTE DE ILHÉUS E CACHA PREGOS NA ILHA DE ITAPARICA.

DESTRUIÇÃO EM CACHA PREGOS CAUSADA PELO AVANÇO DO MAR

ALERTAMOS SOBRE A PRETENSA PONTE SALVADOR - ITAPARICA EM RELAÇÃO AS MUTAÇÕES E EROSÕES DE ÁREAS LOCALIZADAS NA ILHA, ONDE RECEBERÃO OS PILARES, EM CONSEQUÊNCIA DO AVANÇO DO MAR, PRINCIPALMENTE POR ONDULAÇÕES E RESSACAS CAUSADAS PRO VENTOS DO QUADRANTE SUL E SUDESTE, .

JOSEMAR

ECONOMISTA - CORECON 2065

Notícia


Por que obras de Holanda e EUA contra avanço do mar não funcionam como antes - e o que fazer agora?
Projetos que deveriam ser praticamente eternos, como os grandes diques holandeses, passam por reavaliação e reforço antes do previsto. Tema também preocupa Itália e Japão


Por José Maria Tomazela
15/12/2023 | 09h30
Atualização: 15/12/2023 | 12h39

Os efeitos das crescentes mudanças climáticas globais estão levando países sujeitos a inundações a reverem os sistemas de defesa contra o aumento no nível do mar. Projetos que deveriam ser praticamente eternos, como os grandes diques da Holanda e a barreira mecânica do Tâmisa, em Londres, estão sendo reavaliados muito antes do tempo previsto. O Japão e os Estados Unidos já se viram obrigados a reconstruir sistemas de barreiras que foram destruídos por tempestades marítimas recentes.

Muitos países ao redor do mundo estão no nível do mar ou abaixo dele, o que aumenta a preocupação com as mudanças do clima. A Organização Meteorológica Mundial, agência das Nações Unidas (ONU), apontou que o nível global do mar está subindo no dobro do ritmo registrado nas medições entre 1993 e 2002. Para os governos, o controle das inundações marítimas se torna uma questão relevante em suas políticas, na medida em que as populações começam a sofrer os efeitos do avanço do mar.

Desde 2019, o governo holandês empenha recursos no projeto de contenção da erosão no Afsluitdijk, uma barreira de 32 quilômetros construída entre 1927 e 1932 para segurar a força das águas que historicamente invadiam o país – mais da metade do território está abaixo do nível do mar.
Dique de Houtribdijk, em Lelystad, na Holanda, passou por reforço em 2019 Foto: REUTERS/Piroschka van de Wouw

O dique gigante, com 90 metros de largura, que sustenta uma das principais autoestradas dos Países Baixos, liga a província da Frísia ao norte da Holanda.

A barreira, fincada no fundo do mar, ultrapassa em 7,25 metros a linha d’água. O reforço será feito com 75 mil blocos geodesenhados, cada um com um chip que dará informações em tempo real sobre suas condições de resistência à água.

Os blocos serão instalados lateralmente, não influindo na altura do dique. Está prevista, ainda, a construção de duas estações de bombeamento que serão as maiores da Europa. A obra tem custo estimado em US$ 620 milhões e está em fase de contratação.

Os Países Baixos têm 523 quilômetros de costa, grande parte voltada para o turbulento Mar do Norte, e já foram devastados por enchentes e inundações.

Em 1953, uma onda gigantesca invadiu o sul do país e matou 1.835 pessoas, na província de Zeeland. A tragédia levou à construção do Oosterschelde, o maior dique com comportas do mundo, com 150 km de extensão. A barragem tem 66 pilares com mais de 50 metros de altura cada e comportas de aço entre estas colunas que regulam a entrada e saída de água. Inaugurada em 1986, a obra custou 2,5 bilhões de euros.

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Barreira no Tâmisa e comportas em São Petersburgo

Outros países europeus também se defendem do avanço do mar. Londres, a capital da Inglaterra, é protegida de inundações por uma grande barreira mecânica no rio Tâmisa, que é levantada quando o nível da água atinge altura crítica. O dique com comportas mede 525 metros de largura e protege de inundações uma área de 129 km² no centro de Londres.

A barreira foi projetada para fechar ocasionalmente quando há tempestades, mas a ativação do sistema já se tornou mais frequente. O constante acionamento não previsto levou a agência ambiental do Reino Unido a antecipar os estudos para aumentar a defesa contra as marés, o que estava previsto apenas para 2050.

O Complexo de Prevenção de Inundações de São Petersburgo foi construído na Rússia para proteger São Petersburgo das tempestades do Mar Báltico.

O sistema também tem uma função de tráfego, pois completa uma estrada circular ao redor de São Petersburgo. Onze barragens se estendem por 25,4 quilômetros e estão oito metros acima do nível da água para proteger a cidade das tempestades marítimas.
Thâmisa, em Londres, transbordou em dezembro após fortes chuvas Foto: REUTERS/Toby Melville

Duas comportas curvas de aço com 106 metros cada podem ser fechadas. Concluída em 2011, a obra custou 6 bilhões de dólares, mas já está sendo revista. Em 2017, a água subiu quase 2 metros e inundou áreas urbanas.

Após o Katrina, obra de US$ 14 bilhões

Nos Estados Unidos, a área metropolitana de New Orleans, no Estado de Louisiana, com 35% de sua área abaixo do nível do mar, é protegida por uma muralha de concreto com quase 8 metros de altura e 550 quilômetros de extensão.

A obra, que custou US$ 14,5 bilhões, foi projetada depois que o furacão Katrina destruiu a barreira existente na época e varreu a cidade, em 2005, deixando 1.600 mortos. A megaobra foi projetada em 2006 e concluída em 2015, dez anos após a tragédia. A barreira tem 73 estações de bombeamento, quatro comportas e três canais extravasores.
Comporta anti-inundação foi fechada diante de aproximação de tempestade, em 2019, em Nova Orleans. Cidade reforçou estrutura após desastre em 2005 Foto: REUTERS/Jonathan Bachman

A muralha americana, inspirada nos diques da Holanda, tem vida útil mínima de 100 anos. O custo da obra foi criticado na época, quando a infraestrutura da cidade ainda não tinha sido recuperada.

New Orleans tem a segunda maior taxa de disparidade de renda dos Estados Unidos e a expectativa de vida em suas zonas mais desfavorecidas é de apenas 54 anos, ou 25 anos menos do que em bairros ricos.

Sistema tenta conter marés em Veneza

Em Veneza, na Itália, a solução para reduzir o impacto das marés na cidade considerada patrimônio da humanidade foi construir um complexo sistema de barreiras mecânicas no Mar Adriático.
Maré alta inunda ruas de Veneza Foto: REUTERS/Manuel Silvestri - 8/12/2020

O conjunto de 78 barricadas retangulares de metal fica submerso e é acionado por bombas pneumáticas toda vez que a maré alta ameaça inundar a cidade turística. A obra demorou quase 20 anos para ser concluída, já custou US$ 6 bilhões e só ficará totalmente funcional em 2025.

O chamado Modulo Sperimentale Elettromeccanico (Mose) retém as marés de mais de 110 centímetros, isolando a Lagoa de Veneza do Adriático, protegendo as partes baixas da cidade histórica, especialmente a Praça São Marcos.
O chamado Modulo Sperimentale Elettromeccanico (Mose) retém as marés de mais de 110 centímetros, isolando a Lagoa de Veneza do Adriático, protegendo as partes baixas da cidade histórica Foto: REUTERS/Manuel Silvestri - 3/10/2020

Apesar do alto custo, o sistema não é totalmente confiável. Depois de uma inundação em dezembro de 2022, a Procuradoria da Basílica de São Marcos e a prefeitura de Veneza decidiram instalar barreiras de vidro ao redor da basílica. A estrutura temporária deve segurar as águas até o funcionamento pleno do sistema Mose.

Japão tem desafio contra tsunamis

O Japão foi obrigado a rever as barreiras contra o avanço do mar depois que um tsunami devastou a costa do país em março de 2011, atingindo a usina nuclear de Fukushima.

Ao menos 16 mil pessoas morreram no terremoto Tohoku, que provocou ondas de até 40 metros, destruindo completamente as linhas de defesa contra o mar. No lugar delas, foi construída uma muralha de concreto de 400 quilômetros com até 15 metros de altura. O muro gigantesco já resistiu a um terremoto de magnitude 7,4, em março de 2022.

A grande muralha japonesa, que custou US$ 12 bilhões, é criticada por ambientalistas porque, embora construída para defender a população dos efeitos das mudanças climáticas, acaba contribuindo para esse fenômeno.
Mulher anda em rua inundada em Takeo, à oeste da capital Tóquio Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon - 15/8/2021

Estima-se que as emissões geradas pela construção dos quebra-mares de concreto atinjam seis milhões de toneladas de CO2, levando em consideração o gigantismo da obra. A produção de cimento, usado para fazer o concreto, responde por 7% das emissões anuais de gases de efeito estufa no planeta.

No Brasil, muros e barreiras

Reportagem do Estadão mostrou que municípios do litoral de São Paulo e de outros Estados têm investido em obras de contenção para evitar o avanço do mar sobre áreas urbanas. Entre as medidas, estão muros para segurar ressacas, barreiras submersas para amenizar as ondas e o alargamento de praias, com a colocação de areia do próprio mar.

Especialistas afirmam que as medidas são paliativas, já que o aquecimento global vai tornar as ressacas mais frequentes e severas. Para eles, o mais importante é reduzir a ocupação da orla, que geralmente ocorre sem planejamento.
A prefeitura de Mongaguá constrói uma mureta mais larga, alta e reforçada em toda a orla da praia central na tentativa de conter as ondas e ressacas que invadem ruas e prédios na cidade do litoral paulista. Foto: Dyego Gonçalves/Prefeitura de Mongaguá/Divulgação

“Paredes de concreto, como o muro de Mongaguá, não vão parar o mar. Se não forem feitas com soluções baseadas na eco engenharia, a gente pode beneficiar a chegada de espécies invasoras, que terão impacto na atividade pesqueira”, disse na oportunidade Ronaldo Christofoletti, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em Ciência do Mar.

A engenheira ambiental Luiza Amancio, com formação em Ciência e Tecnologia do Mar, também não vê efetividade em barreiras físicas. “Algumas são medidas de curto prazo e planejadas sem apoio de especialistas. Ao tentar corrigir um problema, causam-se outros que podem fomentar mudanças climáticas a nível local, regional e até global.”


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