terça-feira, 14 de janeiro de 2025

ARTIGO - MATHEUS OLIVA - O BRASIL À DERIVA

Artigo: O Brasil à Deriva

Por Matheus Oliva

Tribuna da Bahia, Salvador

29/12/2025 14:0116 dias, 2 horas e 31 minutos



Foto: Divulgação/Ascom

Na encruzilhada entre liderança e irrelevância, o Brasil escolheu a irrelevância. Enredado em uma barafunda regulatória e tributária que alimenta a crise dos, e entre os, poderes, enfraquecendo valores democráticos, o país se reduz ao mínimo papel de mero fornecedor orgulhoso de alimentos in natura para o mundo. Distraído por debates ideológicos obsoletos e incapaz de enfrentar os desafios de um cenário internacional tecnológico e inovador, o Brasil assemelha-se a um barco à deriva, com a bússola quebrada e sem sinal de GPS. Essa falta de rumo reflete-se diretamente na inflação que corrói os bolsos dos cidadãos e empobrece a economia como um todo. Paradoxalmente, enquanto se exalta a abundância de recursos naturais, grande parte dessa riqueza é consumida por estrangeiros, amparados por poder de compra e planejamento estratégico que o Brasil não consegue emular.

A falta de protagonismo do Brasil se reflete na incapacidade de mitigar os impactos de fatores externos. O World Container Index (WCI) registrou um aumento de 8% na semana de 19 de dezembro de 2024, em rotas mais estratégicas, o aumento foi acima de 25%. O custo médio global do frete atingiu US$ 3.803 por container de 40 pés. Esses valores, embora 63% abaixo do pico pandêmico, ainda são 168% superiores às médias pré-pandemia, de acordo com a Drewry, firma inglesa de consultoria marítima.

Custos dos fretes marítimos pressionam os custos internos, já que o Brasil depende de insumos importados para sua indústria. Em vez de modernizar sua infraestrutura logística e aumentar o valor e a competitividade de suas exportações, o país permanece isolado em portos congestionados, ferrovias insuficientes e rodovias precárias, vendendo seu solo onde tudo há de nascer.


O Contraste com a China

Enquanto o Brasil patina, a China avança com uma estratégia bem executada. Empresas como Xiaomi e BYD lideram o mercado global de VEs e simbolizam o avanço tecnológico do país. Fábricas “escuras”, sem funcionários e sem luz, inteiramente automatizadas, aumentam a produtividade e reduzem custos. A construção de uma frota de 170 navios para exportação de automóveis reforça a força do país, permitindo que a China domine mercados globais. Esse contraste é gritante. O Brasil se acomoda em sua abundância de recursos naturais, enquanto a China transforma esses mesmos recursos em produtos de alto valor agregado.

Geopolítica e Irrelevância Brasileira

Conflitos em regiões estratégicas, como o Mar Vermelho e o Canal Suez, destacam a fragilidade do comércio global. Para o Brasil, que depende de rotas estáveis para exportar commodities e importar insumos, essas instabilidades representam riscos diretos à economia.
Apesar disso, o Brasil não assume qualquer papel relevante nessas discussões. O país, que poderia liderar a integração comercial na América Latina e atuar como mediador em crises globais, permanece ausente, preso a disputas internas e desarticulado em sua política externa.

O Brasil Que Deveria Ser

O Brasil tem tudo para liderar: recursos, mercado interno robusto e posição estratégica. Mas liderança exige visão e ação. É necessário simplificar regras tributárias, regular atividades de maneira estadista ao invés de idealista, reduzir ultrajantes despesas do custo Brasília para investir em infraestrutura, educação e saúde e buscar integração estratégica nas cadeias globais de valor.

Apegado a debates ideológicos que consomem energia sem resultado, o Brasil permanece sendo uma promessa não cumprida. Para competir no mundo de amanhã, o país precisa, no mínimo, se localizar entre sul e norte, ocidente e oriente para sair da deriva e traçar uma rota de navegação segura. O dia para isso é ontem.

Um 2025 melhor que 2024 para todo o Brasil!

Matheus Oliva
Empresário do Setor Marítimo

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